Novas referências e padrões para análise de sementes no Brasil

A engenheira agrônoma Eliana Aparecida Silva chegou ao final do curso de Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, em maio de 2020, fazendo muito mais do que podia imaginar. Nos dois anos em que frequentou as aulas na UFV, ela trocou de emprego, superou os desafios pessoais e geográficos que tinha e, com muito orgulho, deixou, por meio de sua dissertação, uma importante contribuição para a obtenção de padrões de referência para análise de sementes comerciais  no Brasil. 

Com o seu trabalho “Obtenção e identificação de sementes de plantas daninhas para amostras de referência, Eliana, que hoje é agrônoma da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no campus de Montes Claros, foi a campo selecionar espécies de plantas daninhas, cujas unidades de dispersão são comumente associadas a sementes brasileiras, com o objetivo de desenvolver diretrizes para elaboração de protocolo para produção de material de referência e produzir coleções para cerca de 50 laboratórios. “Os lotes de sementes que são comercializados no Brasil precisam passar por análises de qualidade realizadas por laboratórios credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e para a realização dessas análises é necessário que os laboratórios disponham de coleções de sementes certificadas, que serão comparadas com as sementes encontradas nas amostras analisadas. Contudo, há uma notória carência de sementes de referência no mercado nacional, e a aquisição por meio de importação é bastante onerosa. Apresentei uma alternativa sanar esta demanda “, explica ela.

O trabalho foi orientado pelo professor Antônio Alberto e coorientado por Maria Izabel Furst Gonçalves, vinculada ao Ministério da Agricultura. “Na minha trajetória acadêmica encontrei grandes nomes, que foram fundamentais para meus resultados, e sou muito grata a todos eles.” A satisfação que ela demonstra hoje diante da conclusão do mestrado contrasta com o tamanho do desafio apresentado no início do curso, quando ela precisou conciliar distância e família com as aulas e projeto de pesquisa. “Naquele período eu vivia em Belo Horizonte, onde trabalhava 40 horas semanais e cuidava da minha filha Isabella, na época, com 2 anos. Parecia-me quase impossível, mas como existia um ‘quase’, comecei.”

Eliana frequentou parte das aulas com a presença da filha, Isabella

O cronograma diferenciado de aulas presenciais e a acolhida que os professores ofereceram não só à Eliana, mas também à Isabella, foram, segundo a engenheira, fundamentais para a realização do curso. “Além disso, a presteza, o trabalho em equipe, a organização, a responsabilidade e a maneira de tratar o aluno de forma individual, procurando entender a situação de cada um, foi um grande diferencial.” 

“O mestrado possibilitou-me a realização de um sonho profissional e pessoal. Através desse curso adquiri novos conhecimentos, aumentei minha qualificação profissional e desenvolvi maior senso crítico”, avalia ela. O ponto de maior destaque, porém, está na identificação entre a visão de Eliana sobre a defesa sanitária e o conhecimento dividido pelos professores do curso. “A forma com que foram abordados os temas reafirmou a ideia que eu tinha de manejo integrado como melhor caminho possível. Hoje defendo o sistema como um dos programas mais importante para a agricultura, uma vez que busca uma sustentabilidade realista e palpável.”