Palestrante do Workshop: Tarcisio Visintin Galdino, pesquisador na área de inseticidas

O pesquisador da empresa japonesa Sumitomo Chemical do Brasil Tarcisio Visintin Galdino é um dos palestrantes confirmados para o I Workshop de Defesa Sanitária Vegetal da UFV.  Responsável pelo desenvolvimento de inseticidas na estação experimental da empresa na América Latina, localizada em Mogi Mirim (SP), Tarcísio responde por todas as etapas que envolvem a descoberta de novas moléculas para potencial uso na agricultura no controle de pragas, bem como ensaios oficiais de eficácia para submissão de pleitos de registro perante aos órgãos responsáveis. No I Workshop de Defesa Sanitária Vegetal, o pesquisador irá abordar sobre a modelagem de locais no mundo onde a seca da mangueira pode ocorrer e com isso gerar prejuízo à produção de manga. “Até 2016, a doença foi identificada somente em três países (Brasil, Omã e Paquistão). Como a produção de manga ocorre muito além desses países, a palestra irá abordar locais do mundo que produzem manga e que possuem condições favoráveis para a doença. A discussão será em torno de quão grande é o risco para regiões produtoras de manga e possíveis ferramentas para prevenir essas perdas”.

Causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata , a seca da mangueira  está entre os principais problemas enfrentados pelos produtores dessa cultura. De acordo com o pesquisador da Sumitomo, “a primeira vez que o fungo foi reportado causando doença em manga ocorreu no Brasil na década de 40. Posteriormente, a seca da mangueira foi observada no Paquistão e no sultanado de Omã, no final da década de 90. As perdas são estimadas em até 60% da produção e mesmo com os esforços desses países para conter o avanço da doença, o número de plantas infectadas não para de aumentar. Por essas razões, essa doença apresenta uma grande ameaça para as regiões produtores de manga no mundo. Os sintomas da doença se caracterizam pela murcha, amarelecimento e posterior seca das folhas apicais, que permanecem aderidas ao galho por um longo tempo mesmo depois de secas. Além disso, plantas doentes podem apresentar descoloração da casca em galhos e tronco, pequenos furos na casca e a exsudação de goma (gomose). O lenho infectado escurece, contrastando com o tecido sadio que é bem mais claro. A infecção da mangueira por C. fimbriata pode ocorrer através da copa e/ou das raízes das árvores. Mesmo na ausência do hospedeiro, o fungo pode sobreviver na área por longos períodos e se multiplicar no solo e nos galhos mortos”.

Tarcisio avalia ser de grande importância conhecer os riscos potenciais de pragas como essa: “Culturas de determinadas regiões do globo foram transferidas para outros locais de forma a otimizar a produção de alimentos. Esses novos locais são muitas vezes importantes para produção, pois possuem características favoráveis à cultura, mas ainda não são locais de ocorrência de pragas e doenças. O oposto também pode ocorrer, a cultura pode encontrar nesse novo local insetos e outros organismos que não ocorrem em sua região de origem. Nesse novo local, essa cultura pode ter pragas ou doenças que anteriormente não eram conhecidas. Os modelos visam então, identificar os locais onde pragas, doenças e plantas daninhas podem ocorrer. Com isso, medidas fitossanitárias podem ser tomadas de forma a prevenir a introdução de organismos indesejados nesses ambientes, evitando perdas”.

Relação com a agricultura

Ligado à agricultura desde a infância, filho de pequenos produtores rurais, Tarcisio conta que a vivência na roça com os seus pais o ensinou muito sobre a prática na agricultura e despertou o seu interesse pela Agronomia, iniciando o curso em 2005, na UFV. “Já no início da graduação, ingressei no estágio no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas, sob a orientação do professor Marcelo Coutinho Picanço. Durante o estágio, comecei na iniciação científica e descobri como engenheiros agrônomos podem se tornar mestres e doutores. Até então não tinha nem ideia. Com isso, retracei meus planos para os próximos anos e decidi ir definitivamente para a área de pesquisa. Terminei a graduação e ingressei no mestrado em Entomologia da UFV, onde percebi a importância de aprender outra língua e ter experiência em outro país. Já no doutorado, fui contemplado em 2015, com uma bolsa de estudos da CAPES, que me permitiu fazer parte da minha pesquisa na Colorado State University, nos Estados Unidos. Após um ano retornei ao Brasil e terminei meu doutorado. Em seguida, dei início ao pós-doutoramento, que conclui para assumir o meu primeiro emprego. Iniciei a minha carreira profissional na Promip, como coordenador de pesquisas, onde trabalhei por mais de um ano. Saí da Promip para assumir minha posição atual na Sumitomo Chemical do Brasil, como pesquisador na área de inseticidas”.

Agora, Tarcisio retorna à UFV para compartilhar um pouco da sua experiência profissional, durante o I Workshop de Defesa Sanitária Vegetal, que será realizado nos dias 22 e 23 de setembro de 2018. Saiba mais sobre o evento.

Palestrante do Workshop: Elisangela Fidelis, referência em pragas quarentenárias

Referência em pragas recém-introduzidas no Brasil ou com alto risco de entrada, a pesquisadora da Embrapa Elisangela Gomes Fidelis é uma das palestrantes confirmadas para o I Workshop de Defesa Sanitária Vegetal. Com o tema “Problemas com pragas quarentenárias no Brasil”, a pesquisadora apresentará as principais pragas já introduzidas no país e as que apresentam alto risco de entrada, bem como as ações para redução de riscos e impactos causados por essas pragas à agricultura brasileira e como os profissionais de defesa fitossanitária podem atuar nessa área.

Elisangela concluiu o curso de Agronomia, o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado em Entomologia na UFV. No final do ano de 2010, ela ingressou na Embrapa, como pesquisadora em entomologia, no estado de Roraima. “Na região Norte, tenho tido a oportunidade de trabalhar com manejo de pragas em ambientes amazônicos e de fronteira, o que é um grande desafio, pois pouco se sabe sobre a entomofauna da região. Além disso, muitas espécies de pragas quarentenárias estão sendo introduzidas no Brasil por esta região”.

Pragas quarentenárias

De acordo com a pesquisadora, “pragas quarentenárias são organismos ausentes no país ou presentes, com distribuição restrita e sob controle oficial, que têm potencial de causar danos socioeconômicos e ambientais, e, portanto, ameaçam a agricultura nacional. Essas pragas podem ser insetos, ácaros, nematoides, fungos, bactérias, fitoplasmas, vírus e viroides, plantas infestantes e parasitas”.

Com impacto no comércio nacional e internacional, as pragas quarentenárias podem reduzir a produção agropecuária pelos danos que causam. Além disso, “podem levar à perda de mercados, devido às barreiras fitossanitárias (domésticas e/ou internacionais) impostas por países ou regiões onde a praga não está presente. Uma praga quarentenária pode ocasionar ainda o aumento do preço dos produtos comercializados, devido aos custos com programas de controle oficial ou medidas de contenção e tratamentos pós-colheita exigidos por países ou estados importadores”.

Como exemplo de praga quarentenária presente no Brasil que impõe barreiras ao comércio internacional, a pesquisadora cita a mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae), presente nos estados do Amapá e Roraima. “Os países importadores não aceitam frutas provenientes de regiões onde a mosca-da-carambola ocorre”.

Elisangela também cita outros casos de pragas quarentenárias introduzidas no Brasil e que causam prejuízos: “O caso mais recente de entrada de uma praga quarentenária de alto impacto econômico foi o de Helicoverpa amigera, que tem causado perdas expressivas ao algodão, soja e milho. Outro exemplo, é o HLB ou greening dos citros, que foi identificada em 2004 e causa sérios problemas na citricultura brasileira”.

Redução de riscos e impactos

Para a pesquisadora, dentre as medidas que podem evitar a entrada de pragas quarentenárias no Brasil, estão a fiscalização e o controle de trânsito de produtos agrícolas. Ela acrescenta: “Antevendo a eventual entrada de uma praga quarentenária, medidas para redução de seus impactos também devem ser tomadas, como: monitoramento e estabelecimento de plantações sentinelas para detecção precoce; desenvolvimento de planos de contingência e erradicação; melhoramento preventivo; introdução antecipada de inimigos naturais para o controle biológico; etc.”.

Atualmente, na Embrapa Roraima, Elisangela vem se dedicando ao estudo de duas pragas quarentenárias: o ácaro-vermelho-das-palmeiras e o ácaro-hindustânico-dos-citros. O primeiro, cientificamente conhecido como Raoiella indica, “foi detectado primeiramente no Brasil, em Roraima no ano de 2009 e hoje já está presente em vários estados brasileiros, causando danos ao coqueiro, banana e outras palmeiras. Os estudos com esse ácaro têm sido com o objetivo de selecionar inimigos naturais eficientes para seu controle, identificar seus hospedeiros e os danos causados aos mesmos e o desenvolvimento de modelos de potencial estabelecimento da praga”. Já o ácaro-hindustânico-dos-citros (Schizotetranychus hindustanicus) é uma praga quarentenária presente somente em Roraima. “Os estudos com esse ácaro são relacionados à sua biologia e desenvolvimento de modelos de previsão de ocorrência, estabelecimento e danos” – descreve.

Para conhecer um pouco mais sobre o trabalho da pesquisadora, participe do I Workshop de Defesa Sanitária Vegetal, que será realizado na UFV, nos dias 22 e 23 de setembro de 2018. A palestra “Problemas com pragas quarentenárias no Brasil”, com a Dra. Elisangela Gomes Fidelis, será no primeiro dia do evento. Confira a programação completa e inscreva-se.