Dissertação faz levantamento de barreiras não tarifárias, para soja e milho, entre 2000 e 2020

Quatro anos depois de se formar em agronomia pela Universidade Federal do Paraná, Chantal Baeumle Gabardo iniciou uma nova etapa da vida profissional, em São Paulo, trabalhando na Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC). Acostumada com a rotina de produção de soja, ela passou a lidar com conceitos novos, relacionados principalmente à qualidade de grãos e ao mercado internacional, e o desafio fez crescer a vontade de complementar sua formação. “Eu passei a ter bastante contato com muita coisa que eu não tinha visto na faculdade, fui tendo que aprender muita coisa, e comecei a procurar outras fontes de informação. Eu já tinha feito um MBA, na própria UFPR, mas eu queria algo mais consistente, e acabei optando pelo Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV.” 

A história se desenvolveu de um jeito diferente do que Chantal esperava, já que a pandemia impediu as aulas presenciais e o convívio com os colegas, mas dois anos depois, ela concluiu o curso apresentando a dissertação “Barreiras não tarifárias às exportações: o caso da exportações de soja (grão, farelo e óleo) e milho do Brasil, nas últimas duas décadas”. O trabalho, orientado pelo professor Orlando Silva, traça um raio X das barreiras não-tarifárias (sanitárias e técnicas) incidentes sobre as exportações brasileiras de soja e milho, entre os anos de 2000 e 2020, detectando ainda quais as que mais impactaram nas exportações brasileiras desses produtos. Com essas informações, Chantal calculou, para cada produto selecionado, índices de “frequência” das barreiras não tarifárias, para cada ano, e de “cobertura” dessas barreiras nos países importadores.

“Os resultados comprovam a percepção de que as barreiras não tarifárias têm aumentado ao longo dos anos, em detrimento das barreiras tarifárias, que, por serem mais visíveis, têm sido mais combatidas”, conta o professor Orlando. “O trabalho de Chantal tem uma contribuição importante para o setor exportador de grãos, permitindo conhecer, se adaptar e/ou contestar essas medidas que interferem diretamente no volume e preço das exportações”, ele diz. 

Apesar de a pandemia ter impedido as viagens de Chantal à Viçosa, ela conta que o curso ofereceu o conhecimento que ela buscava. “O título de mestrado sempre vale muito, especialmente em uma instituição como a UFV”, avalia Chantal. “O conhecimento que eu adquiri me ajudou nas atividades do dia a dia, assim como as trocas que eu tinha com o meu orientador, que também pude levar para o meu trabalho”, conta ela, que hoje tem um cargo em uma multinacional do agronegócio. 

Foto: Vitor Dutra Kaosnoff por Pixabay

Novas referências e padrões para análise de sementes no Brasil

A engenheira agrônoma Eliana Aparecida Silva chegou ao final do curso de Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, em maio de 2020, fazendo muito mais do que podia imaginar. Nos dois anos em que frequentou as aulas na UFV, ela trocou de emprego, superou os desafios pessoais e geográficos que tinha e, com muito orgulho, deixou, por meio de sua dissertação, uma importante contribuição para a obtenção de padrões de referência para análise de sementes comerciais  no Brasil. 

Com o seu trabalho “Obtenção e identificação de sementes de plantas daninhas para amostras de referência, Eliana, que hoje é agrônoma da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no campus de Montes Claros, foi a campo selecionar espécies de plantas daninhas, cujas unidades de dispersão são comumente associadas a sementes brasileiras, com o objetivo de desenvolver diretrizes para elaboração de protocolo para produção de material de referência e produzir coleções para cerca de 50 laboratórios. “Os lotes de sementes que são comercializados no Brasil precisam passar por análises de qualidade realizadas por laboratórios credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e para a realização dessas análises é necessário que os laboratórios disponham de coleções de sementes certificadas, que serão comparadas com as sementes encontradas nas amostras analisadas. Contudo, há uma notória carência de sementes de referência no mercado nacional, e a aquisição por meio de importação é bastante onerosa. Apresentei uma alternativa sanar esta demanda “, explica ela.

O trabalho foi orientado pelo professor Antônio Alberto e coorientado por Maria Izabel Furst Gonçalves, vinculada ao Ministério da Agricultura. “Na minha trajetória acadêmica encontrei grandes nomes, que foram fundamentais para meus resultados, e sou muito grata a todos eles.” A satisfação que ela demonstra hoje diante da conclusão do mestrado contrasta com o tamanho do desafio apresentado no início do curso, quando ela precisou conciliar distância e família com as aulas e projeto de pesquisa. “Naquele período eu vivia em Belo Horizonte, onde trabalhava 40 horas semanais e cuidava da minha filha Isabella, na época, com 2 anos. Parecia-me quase impossível, mas como existia um ‘quase’, comecei.”

Eliana frequentou parte das aulas com a presença da filha, Isabella

O cronograma diferenciado de aulas presenciais e a acolhida que os professores ofereceram não só à Eliana, mas também à Isabella, foram, segundo a engenheira, fundamentais para a realização do curso. “Além disso, a presteza, o trabalho em equipe, a organização, a responsabilidade e a maneira de tratar o aluno de forma individual, procurando entender a situação de cada um, foi um grande diferencial.” 

“O mestrado possibilitou-me a realização de um sonho profissional e pessoal. Através desse curso adquiri novos conhecimentos, aumentei minha qualificação profissional e desenvolvi maior senso crítico”, avalia ela. O ponto de maior destaque, porém, está na identificação entre a visão de Eliana sobre a defesa sanitária e o conhecimento dividido pelos professores do curso. “A forma com que foram abordados os temas reafirmou a ideia que eu tinha de manejo integrado como melhor caminho possível. Hoje defendo o sistema como um dos programas mais importante para a agricultura, uma vez que busca uma sustentabilidade realista e palpável.”

 

Disciplina ofertada no Mestrado Profissional prepara alunos para transformarem ideias em empreendimentos

Transformar uma ideia em empreendimento fornecendo as ferramentas e técnicas necessárias para isso. Essa é uma das principais contribuições que a disciplina “Inovação e Empreendedorismo” vem agregar à formação dos alunos do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV. Implantada no curso há alguns meses, a linha de pesquisa desenvolvida pelo professor Altair Dias de Moura, do Departamento de Economia Rural da UFV, “tem como base principal as ferramentas administrativas que tem por objetivo favorecer o pensamento inovador e, por sua vez, trabalhar uma ideia para que ela se torne um empreendimento”.

Workshops de inovação baseados em mapas mentais e brainstorming, planejamento de marketing e pesquisa de mercado, definição estratégica de características dos produtos e serviços inovadores, avaliação de viabilidade econômica e financeira de projetos e gestão de projetos, são algumas das ferramentas empregadas. Nas aulas da disciplina “Inovação e Empreendedorismo”, essas ferramentas são apresentadas aos alunos, permitindo que eles inovem com ideais e depois planejem e analisem um possível empreendimento ligado a elas.

Professor Altair Moura.

O professor Altair Moura garante que é possível desenvolver uma gama de trabalhos: “Podemos ajudar os alunos desde uma fase bem inicial e emergente, onde há somente uma semente de ideia inovadora, até um estágio mais avançado e consolidado de uma ideia, através de planos de negócios”. De olho nessas possibilidades que o campo da inovação e empreendedorismo oferecem, já tem aluno dando os primeiros passos para desenvolver a sua dissertação sobre a concepção de uma startup. “Nossa atuação no Mestrado Profissional iniciou-se, oficialmente, em setembro deste ano e já temos pelo menos um orientado procurando amadurecer, através do seu trabalho de conclusão, a possível ideia de implantação de um modelo de assistência e crédito financeiro associado a auxílio técnico para produtores rurais” – destaca.

De acordo com o professor do Departamento de Economia Rural, “como nossos alunos apresentam, via de regra, uma base técnica e científica muito forte, muitas vezes, a nossa maior contribuição é mostrar a eles que é possível.  É possível transformar conhecimento em ideias inovadoras e, por sua vez, ideias inovadoras em empreendimentos de sucesso. Acredito que mudar o ‘padrão mental dos alunos ou mindset é uma das grandes contribuições que a disciplina Inovação e Empreendedorismo pode oferecer, além, é claro, de fornecer ferramentas que tornem possível esse processo”.

Engenheiro agrônomo defende dissertação sobre importante problema fitossanitário do milho no Brasil

O engenheiro agrônomo Ueder Peres Oliveira defendeu no final do mês de julho a sua dissertação do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal, onde abordou um dos mais importantes problemas fitossanitários do milho no Brasil na atualidade. Sob a orientação do professor Eliseu José Guedes Pereira, o engenheiro agrônomo avaliou a resistência de genótipos de milho à cigarrinha Daubulus maidis e ao complexo de enfezamentos. Ueder conduziu experimentos com 25 genótipos de milho, e a sua pesquisa possibilitou identificar genótipos resistentes, “evidenciando que a resistência de plantas em milho é um método promissor de controle da praga e da doença”.

A defesa da dissertação intitulada “Caracterização da resistência e tolerância de genótipos de milho à Dalbulus maidis e ao complexo de enfezamentos” ocorreu remotamente e contou com participação dos professores Marcelo Coutinho Picanço (UFV), Ricardo Siqueira da Silva (UFVJM) e dos pós-doutores Mayara Lopes e Paulo Santana Júnior, ambos ligados ao Programa de Pós-Graduação em Entomologia da UFV. De acordo com o orientador, “Ueder teve um excelente desempenho na condução da pesquisa, na sua apresentação na dissertação e no seminário, e na arguição pela banca examinadora” – afirma o professor Eliseu.

Ueder trabalha em uma empresa do grupo Agroceres, a Helix Sementes e Mudas Ltda., que produz sementes de milho e sorgo.  Vale destacar que a Agroceres foi fundada em 1945, pelo engenheiro agrônomo Antônio Secundino de São José, ex-aluno da UFV, sendo a primeira empresa de sementes de milho híbrido do Brasil. De acordo com Ueber, a empresa onde trabalha investiu no seu treinamento e forneceu condições para que ele realizasse o Mestrado Profissional na UFV.

Para o professor Eliseu, “Ueder é um representativo de perfil de pessoa a quem o Mestrado Profissional possibilita treinar e aprimorar o conhecimento para melhor atuar nas empresas e outras instituições”.  O professor da UFV ainda destaca que “os resultados/produtos das pesquisas são diretamente aplicáveis e trazem benefício à sociedade. O título de Magister Scientiae concedido no mestrado profissional equivale ao obtido no mestrado acadêmico, com os mesmos direitos e atribuições. Isso significa que o profissional pode ingressar em carreira que exige título de mestrado Stricto Sensu, inclusive pode seguir para o doutorado se oportuno”.

Esse certamente é um caminho que o engenheiro agrônomo Ueder, e agora também Mestre em Defesa Sanitária Vegetal, pretende seguir: “Somente aguardo a disponibilidade de um doutorado profissional, como o mestrado profissional que fiz na UFV, para que eu ingresse na empreitada! Isso permitiria às pessoas a oportunidade para aprimorar o conhecimento e conquistar o título de Doctor Scientiae concomitante com as atividades profissionais, sejam elas no setor público ou privado”.

 

Pesquisadores da Embrapa, UFRB e UFV participam de defesa de dissertação do Mestrado Profissional

Pesquisadores de três instituições distintas, Embrapa Cerrados, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Universidade Federal de Viçosa (UFV) se reuniram virtualmente na tarde do dia 08 de junho, para a defesa de dissertação da mestranda Ana Paula Vicenzi, coordenadora de defesa sanitária vegetal do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado do Mato Grosso (Indea-MT). Ana Paula defendeu a dissertação intitulada “Diagnóstico e propostas para melhoria da qualidade e eficiência da fiscalização de agrotóxicos no MT”, numa banca composta pela Dra. Elisângela Gomes Fidelis, da Embrapa, pela Dra. Leilane Silveira D’Ávila, da UFRB e pelo Dr. Emerson Medeiros Del Ponte, do Departamento de Fitopatologia da UFV.

Orientador da dissertação, o professor Emerson conduz estudos na área de epidemiologia e manejo de doenças de plantas com ênfase em controle de doenças fúngicas com fungicidas. Ele enaltece a composição da banca, com a presença majoritária de mulheres, e a interação entre os pesquisadores envolvidos: “Dois membros (Mulheres!) na banca com perfis complementares e conhecimento no tema. A Dra. Leilane é fitopatologista com experiência no tema epidemiologia e manejo de doenças de plantas com fungicidas. A Dra. Elisângela é entomologista, com experiência na área de ecologia de populações e análise de risco de pragas”.

O orientador ainda destaca que o trabalho defendido por Ana Paula é “exatamente o que se espera para um mestrado profissional, ou seja, além do cumprimento das atividades curriculares, o trabalho prático foi baseado em métodos científicos com aplicação direta para a melhoria das atividades de rotina da instituição onde ela atua. O componente científico teve base no desenho e aplicação de um questionário para autoavaliação dos fiscais e diagnóstico da fiscalização como um todo. A análise dos dados forneceu subsídios para a geração de um produto que é uma proposta de atualização de Manual de Fiscalização elaborado em consonância com os procedimentos e apoio institucional.  Durante a revisão bibliográfica, não foi encontrado trabalho similar disponibilizado publicamente. A proposta pode ser considerada como um modelo que poderá ser adotado por outras agências estaduais de fiscalização de agrotóxicos no Brasil”.

Satisfeita com o resultado da dissertação que defendeu e com a conclusão do Mestrado Profissional, Ana Paula ressalta o conhecimento trocado com colegas e professores do curso, e acrescenta que já está colhendo os frutos dos esforços despendidos nos últimos dois anos: “No momento que saímos de nossa zona de conforto e nos disponibilizamos a iniciar um curso de Mestrado Profissional, buscando apresentar como resultado final propostas visando à melhoria e à eficiência das atividades do órgão, independente do título recebido, já estamos alcançando progresso na vida profissional. Além disso, o título de Mestre servirá não apenas para usufruir do benefício de progressão horizontal prevista na lei de carreira do órgão em que atuo, mas ainda traz maior reconhecimento e credibilidade tanto no meio profissional quanto acadêmico”.

Mestrado Profissional amplia possibilidades de atuação para egressos

 

O professor universitário Maykon Dias Cezario defendeu a sua dissertação no Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal (MPDSV), no dia 14 de fevereiro e agora, celebra as novas possibilidades e os dois anos dedicados à obtenção do título na UFV: “O MPDSV com certeza foi uma das grandes oportunidades da minha vida. A possibilidade de cursar um mestrado de alto nível conciliando com as atividades profissionais foi o que pontuou mais. Além disso, contar com um corpo docente de muito gabarito e estudar na UFV contribuíram também em minha decisão”.

Natural da cidade de Timóteo (MG), localizada no Vale do Aço, “região industrial que se destaca na produção de aço”, Maykon se formou em Agronomia na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). “Tive uma origem simples, mas sou oriundo de uma família que sempre valorizou a educação”. Desde a graduação, a dedicação aos estudos faz parte do dia a dia do agrônomo. “Atuei com pesquisa nas áreas de fitotecnia, entomologia e fitopatologia, sempre conectado com a defesa sanitária vegetal, que sempre foi a área de meu maior interesse na agronomia. Estagiar em empresas de pesquisa agropecuária, como a EPAMIG, e marcar presença em eventos científicos faziam parte da minha rotina. Foram cinco anos de muita dedicação, que culminaram no prêmio de melhor aluno do curso, na cerimônia de colação de grau” – relembra com orgulho.

Concluído o curso superior em 2009, a sua primeira experiência profissional ocorreu no estado de Mato Grosso do Sul, onde ele trabalhou com grandes culturas em uma multinacional focada na produção de etanol e bioenergia. “No centro-oeste brasileiro conheci, exercitei e enfrentei os desafios da produção agrícola. Considero-me privilegiado em ter iniciado a carreira em uma região das mais desenvolvidas e tecnológicas do Brasil no que diz respeito à agricultura”.

Ao retornar ao seu estado de origem, Maykon descobriu uma nova área de atuação: “Quanto retornei a Minas Gerais, comecei a atuar na área educacional como professor universitário na rede privada, e me apaixonei pela academia. Já com experiência, fui fazendo carreira na área educacional e atualmente, coordeno dois cursos de graduação na Univale: Agronomia e Agronegócio. Represento ainda a região Vale do Rio Doce no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), atuando como conselheiro da Câmara especializada da Agronomia e também no Conselho de Educação do CREA-MG”.

Mestrado Profissional

Experiente no comando da sala de aulas, em março de 2018, foi a vez de o professor assumir também a condição de aluno, ao ingressar no Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV. Foram dois anos de dedicação que se encerraram no mês de fevereiro, período cujo maior desafio, segundo Maykon, foi “conciliar os estudos com as atividades profissionais em um mercado privado, que nos exige continuamente muita dedicação e entrega”.

Sob a orientação da pesquisadora Madelaine Venzon, Maykon pesquisou sobre controle biológico conservativo em café Conilon. “A busca de alternativas ao controle químico exclusivo para o manejo de pragas é primordial, e uma dessas possibilidades se trata da manipulação do ambiente visando ao controle biológico conservativo. No trabalho desenvolvido em minha dissertação, avaliou-se a eficiência da diversificação da vegetação através da introdução do ingá no controle biológico das principais pragas do café Conilon, sendo elas: bicho-mineiro, cochonilha-da-roseta, broca-do-café e ferrugem. O trabalho foi conduzido em lavoura comercial em Itueta (MG)” – descreve.

Concluído o mestrado profissional, Maykon já identifica benefícios que essa recente conquista lhe proporcionou: “Fazer o MPDSV sem dúvida já me beneficiou pelo universo de possibilidades que encontrei. A possibilidade de continuar trabalhando com pesquisas envolvendo café Conilon e beneficiando os produtores regionais; a possibilidade de dar sequência aos estudos com o doutorado; e atuar na área de defesa sanitária vegetal com maior propriedade, são os principais benefícios”.

Pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissional resulta em depósito de patente no INPI

A pesquisa desenvolvida pela mestre em Defesa Sanitária Vegetal, Ana Paula Soares da Rocha, durante o Mestrado Profissional na UFV, resultou no depósito da patente “Composições ectoparasiticidas à base de Lithraea brasiliensis e uso”, no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Ana Paula defendeu a sua dissertação sobre avaliação do potencial carrapaticida de plantas neotropicais em julho de 2019, e no início deste ano, realizou o depósito da patente buscando desenvolver uma formulação comercial a base de Lithraea brasiliensis para controle de carrapatos de forma mais eficiente e mais segura. “A pesquisa realizada durante o mestrado nos mostrou que o extrato dessa planta é muito eficiente no controle de carrapatos resistentes aos carrapaticidas disponíveis no mercado”.

Ana Paula explica: “Agora, as nossas pesquisas focarão em verificar se a molécula que apresentou atividade é segura do ponto de vista ambiental, com estudos de impacto em organismos não-alvo como insetos benéficos, predadores, polinizadores e organismos aquáticos. Também analisaremos a segurança alimentar dessa molécula, pelo fato de que este produto será usado principalmente nos rebanhos bovinos, temos que assegurar que após o uso, não haverá resíduos na carne e no leite”.

A pesquisadora destaca que “na produção agropecuária, a busca por ferramentas mais seguras e eficientes é constante. A cada dia cresce a demanda por alimento, e sabemos que essa produção deve atender a sociedade não só em quantidade, mas também em qualidade e de forma sustentável. Os extratos botânicos têm se mostrado promissores porque muitas plantas são ricas em substâncias bioativas, que são biodegradáveis e apresentam baixa ou nenhuma toxicidade a mamíferos e outros organismos não-alvo. Assim, nosso estudo pode levar ao desenvolvimento de um novo produto para controle de carrapatos de forma mais eficiente e mais segura”.

Além disso, a pesquisadora enfatiza o fato de sua pesquisa está buscando desenvolver um produto originado de uma planta do Cerrado brasileiro. “Temos o privilégio de ter em nosso país, em seus diferentes biomas, uma flora rica em biodiversidade, não encontrada em nenhuma outra parte do mundo. Logo, o número de moléculas existentes que ainda não foram pesquisadas é muito grande. O incentivo e apoio às pesquisas relacionadas à nossa biodiversidade devem ser contínuos, pois os compostos químicos presentes na nossa flora, além de serem fontes de novas moléculas para o combate de pragas e doenças na agropecuária, também dão origem a compostos usados em áreas como medicina, farmácia, nutrição, dentre outras. Tudo isso reflete em melhorias na qualidade de vida da sociedade”.

Parceria multidisciplinar

Engenheira Agrônoma, professora de Química no curso de Engenharia Agronômica da Faculdade Cidade de João Pinheiro, na cidade de João Pinheiro (MG), e instrutora de formação profissional rural do Sistema FAEMG/Senar, onde ministra treinamentos de aplicação de defensivos, Ana Paula ingressou no Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV em agosto de 2017, onde construiu uma profícua parceria com outros pesquisadores.

Na UFV, ela contou com a orientação do professor Eugênio Eduardo de Oliveira, “que de prontidão abraçou a ideia” e a apresentou à pesquisadora Graziela Domingues de Almeida Lima. “Doutora em Biologia Celular e Estrutural e com grande conhecimento em bioquímica e farmacologia, o trabalho da Dra. Graziela foi essencial na condução dos bioensaios em organismos não-alvo e no tratamento e análise de dados; sendo também para mim, um exemplo de positividade e profissionalismo, o que me motivou muito durante todo o processo” – destaca.

Na UFMA (Universidade Federal do Maranhão), Ana Paula contou com a parceria da professora do Centro de Ciência e Tecnologia, Cláudia Quintino da Rocha. “Eu já conhecia o magnífico trabalho realizado pela professora Cláudia. Então, a convidei para ser minha coorientadora, gerando uma parceria entre a UFV e a UFMA. Ela é uma profissional renomada, com vasta experiência na área de Química de Produtos Naturais, atuando principalmente no isolamento, identificação de metabólitos secundários e avaliação farmacológica de extratos e compostos bioativos. Com o suporte de uma profissional com tamanha competência, nossos estudos químicos foram conduzidos de forma muito eficiente, fazendo com que conseguíssemos fazer toda a caracterização química do nosso extrato, além de descobrir qual era a molécula responsável pela bioatividade”.

Além do suporte na parte metodológica, Ana Paula acrescenta que a atuação das duas pesquisadoras, Graziela e Cláudia, “foram imprescindíveis em todo o processo de elaboração e acompanhamento dos tramites do depósito da patente”. Como Ana Paula resume: “este foi um trabalho desenvolvido por dois agrônomos, uma química e uma bióloga; que nos mostrou que a parceria entre profissionais de diferentes áreas gera resultados muito positivos para toda sociedade”.

Além da pesquisa voltada para o uso do extrato da Lithraea brasiliensis na agropecuária, as pesquisadoras pretendem avançar ainda mais nos experimentos: “Estamos testando esse extrato em células cancerosas. Os primeiros resultados já apontaram uma possível atividade em determinados tipos de células, portanto, mais pesquisas serão realizadas a fim de confirmar esses resultados”.

Trabalho sobre amostragem de tripes em cultivos de melancia é publicado em revista científica de alto impacto

Diferente de um mestrado acadêmico, cujo foco é a pesquisa, no mestrado profissional o viés é tecnológico. Entretanto, quando o trabalho desenvolvido é de grande relevância, a pesquisa científica também pode ganhar destaque num curso de pós-graduação com viés tecnológico. Foi por isso que o mestre em Defesa Agropecuária Vegetal Cleovan Barbosa Pinto publicou um artigo, fruto da sua dissertação, na Journal of Economic Entomology, revista científica de alto impacto para a área de Ciências Agrárias. Cleovan desenvolveu a sua dissertação sobre amostragem de tripes Frankliniella schultzei em cultivos de melancia. O plano de amostragem determinado no seu trabalho possibilita colocar em prática a avaliação das populações de F. schultzei, importante praga nos cultivos de melancia no Brasil.

Para desenvolver a sua dissertação, Cleovan contou com a participação de pesquisadores da UFV e da Universidade Federal de Tocantins (UFT) – Campus Gurupi. Na UFV, ele contou com a orientação do professor Marcelo Coutinho Picanço. Em Tocantins, o trabalho foi liderado pelo professor Renato Almeida Sarmento e envolveu vários estudantes de graduação, mestrado e doutorado da UFT. O trabalho foi realizado em cultivos comerciais de melancia em Formoso do Araguaia (TO), nos anos de 2014 e 2015.

De acordo com Cleovan, “primeiro foram selecionadas a amostra e a técnica de amostragem. Posteriormente, foi determinado o número de amostras a compor o plano de amostragem. A folha 1 (mais apical do ramo) foi o melhor ponto para amostragem de F. schultzei em plantas de melancia nos estágios: vegetativo, floração e frutificação. A contagem direta dos insetos na folha 1 foi a melhor técnica para amostragem de F. schultzei. O número ideal de amostras para compor o plano de amostragem foi 69 amostras por talhão. Esse plano de amostragem teve duração de 38 minutos e custo de R$ 4,51 por amostragem. Portanto, o plano de amostragem do tripes F. schultzei determinado possibilita a avaliação das populações dessa praga em cultivos de melancia de forma prática, já que ele é simples, rápido e de baixo custo”.

  • Qualificação

 

Graduado nos cursos de Agronomia (2006) e Engenharia de Segurança do Trabalho (2015), Cleovan é inspetor de defesa agropecuária da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (Adapec – TO), autarquia responsável por promover a vigilância, normatização, fiscalização, inspeção e a execução das atividades ligadas à defesa animal e vegetal. Lotado na central da Adapec, que fica localizada na capital do estado, Palmas (TO), Cleovan ocupa atualmente o cargo de responsável técnico do Programa Estadual de Grandes Culturas.

O inspetor da Adapec concluiu o Mestrado Profissional em Defesa Agropecuária Vegetal da UFV em 2016 e avalia que o curso lhe proporcionou pleitear cargos que antes ele não se via em condições de exercer. “O Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal me proporcionou muitas coisas boas. A primeira foi o conhecimento que adquiri, passando a ver as coisas sob uma nova ótica, tanto na vida profissional, quanto na vida pessoal. O mestrado profissional também me proporcionou um crescimento dentro do meu serviço, onde atualmente sou responsável pelo Programa Estadual de Grandes Culturas da Adapec, agência onde sou concursado desde 2013”.

Dissertação avalia sucesso do programa de erradicação da praga quarentenária Cydia pomonella no Brasil

Em 2014, o  Ministério da Agricultura reconheceu oficialmente a erradicação da Cydia pomonella no estado de Santa Catarina e declarou o Brasil como livre dessa praga quarentenária. A C. pomonella é uma das principais pragas de importância econômica que atacam plantios de maçã no mundo e teve a sua presença constatada no Brasil nos anos 90, no sul do país. A sua erradicação no Brasil foi um marco, pois o estabelecimento da C. pomonella traria grandes prejuízos ao setor produtivo da maçã. Diante disso, o engenheiro agrônomo Silvio Luiz Rodrigues Testaseca escolheu como tema da sua dissertação no Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV, o Programa Nacional de Erradicação da Cydia pomonella (PNECP).

Defendida em 2013, sob a orientação do professor da UFV Orlando Monteiro e coorientação de Angela Pimenta Peres e Adalécio Kovaleski, a dissertação “A situação da Cydia pomonella no Cone Sul: avaliação das normas e do programa nacional de erradicação no Brasil” oferece um panorama do desenvolvimento do PNECP. Considerando aspectos ambientais, econômicos e sociais, foi realizada revisão bibliográfica sobre normas que tratam do tema, procedimentos utilizados e entrevistas com atores da cadeia produtiva no Brasil e na Argentina, país com a praga disseminada.  O Brasil possui determinadas exigências para a importação de maçãs, peras e marmelos – hospedeiros da praga – daquele país.

De acordo com o autor do trabalho, “existia a percepção entre os entrevistados de que o sucesso do Programa Nacional de Erradicação foi decorrente do esforço conjunto de diversos setores da cadeia produtiva e instituições envolvidas. Outra conclusão foi a informação de que as capturas da praga no país diminuíam ano a ano. E concluiu-se ainda que o Sistema de Mitigação de Risco implementado na Argentina, após o fechamento das importações da fruta pelo Brasil, foi fundamental para o controle da praga no nosso país”.

Aprendizado dentro e fora da sala de aula

Formado no ano de 1987, em engenharia agronômica pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”ESALQ/USP, Silvio atua no Serviço de Inspeção e Sanidade Vegetal (SISV), na Superintendência Federal de Agricultura em Santa Catarina, do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). “Dentre as atividades da área de Sanidade Vegetal, realizamos credenciamento e fiscalização de empresas que realizam tratamentos fitossanitários com fins quarentenários; levantamentos e monitoramento de pragas quarentenárias; emissão de pareceres de importação e exportação; e participação em grupos de trabalho relativos a pragas quarentenárias”.

Silvio destaca: “Acredito que o Mestrado colaborou com minha aprovação, em 2017, juntamente outros 34 auditores fiscais federais agropecuários, para compor o Quadro de Acesso para Adidos Agrícolas, da Secretaria de Relações Internacionais do MAPA”. De acordo com informações divulgadas pelo MAPA, “as atribuições de um adido agrícola abrangem a diversidade de assuntos técnicos da agricultura no mundo. Entre suas tarefas mais relevantes estão a busca por melhores condições de acesso a produtos do agronegócio, análises e estudos sobre as políticas agrícolas e legislações de interesse da agricultura brasileira. Outras atividades envolvem a participação brasileira em eventos de interesse do agronegócio, questões sanitárias e fitossanitárias, cooperação na área agrícola, além de políticas ambientais, de combate à fome e de desenvolvimento rural”.

O engenheiro agrônomo avalia que a principal contribuição do Mestrado Profissional para a sua carreira “foi em relação à atualização e aprofundamento de conhecimentos técnicos e em relação a estar mais disciplinado para minha atuação, com mais recursos acadêmicos, já que a minha graduação foi em 1987. Também tem a importância do mestrado no reconhecimento do esforço pelos demais colegas e administração geral do MAPA e seus clientes, uma vez que a formação acadêmica por uma universidade como a UFV permite crescimento profissional relevante”.

Além disso, o auditor fiscal do MAPA, natural do estado de São Paulo, destaca algumas vivências prazerosas oportunizadas pelo curso: “Um dos principais fatos é o da convivência com diversos outros colegas do MAPA, os quais eu não tinha proximidade, e que sempre gera discussões e conhecimentos positivos. O mesmo acontece em relação aos professores, uma vez que, mesmo após o término do curso, sempre que procurei um ou outro mestre, foi produtivo e prazeroso tal contato. Também não poderia deixar de citar o fato de que participar do mestrado na UFV permitiu que eu pudesse conhecer praticamente toda a região das cidades históricas de Minas Gerais, estado pelo qual tinha um grande apreço e que hoje me traz boas lembranças” – finaliza.

Novas ferramentas para melhor eficiência da inspeção fitossanitária é tema de dissertação do mestrado profissional

Considerando o acentuado aumento na movimentação de produtos agrícolas nos portos e aeroportos brasileiros e a necessidade de evitar a entrada de pragas quarentenárias no país, o engenheiro agrônomo Isac Medeiros desenvolveu a dissertação “Novas ferramentas para melhor eficiência da inspeção fitossanitária”. Fiscal agropecuário do Ministério da Agricultura, em Florianópolis (SC), Isac acredita que com a inovação tecnológica é possível melhorar a eficiência, padronizar e fortalecer o sistema de alerta fitossanitário.

O engenheiro agrônomo explica que para a sua dissertação “foi desenvolvida e testada uma mesa de inspeção de sementes e grãos de cereais; montado um banco de dados das imagens de sementes das plantas daninhas descrito na lista das pragas quarentenárias. Também foram realizados testes com a lupa USB, ligada a um computador para uso na inspeção fitossanitária, com o suporte dos programas computacionais AMCAP e Micro-Measure. Projetou-se e fabricou-se a mesa de inspeção e testou-se a eficiência de separação dos grãos e o tempo utilizado para inspeção”.

Isac concluiu o Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV em 2013. Na dissertação, ele contou com a orientação do professor Antônio Alberto da Silva e coorientação do professor Marcelo Coutinho Picanço. Para o fiscal federal agropecuário, que atualmente trabalha na área de produção de sementes e Biotecnologia de Organismo Geneticamente Modificado (OGM), “o mestrado profissional foi muito importante para rever, ampliar os conceitos científicos e técnicos nas atividades de fiscalização de sementes e mudas e de pesquisa e uso de Biotecnologia OGM, bem como para assegurar mais confiança na ação e estar mais preparado para as mudanças”.