Programa da Nespresso leva pesquisa de Madelaine Venzon às plantações de café 

O conhecimento construído nos laboratórios e salas de aula chega mais uma vez ao campo em uma parceria entre a gigante Nespresso e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), através da pesquisadora e orientadora do Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal da UFV, Dra. Madelaine Venzon. Desde novembro do ano passado, o Programa Nespresso AAA de Qualidade Sustentável usa o conhecimento sobre controle biológico conservativo construído por Madelaine e sua equipe de orientandos para otimizar o cultivo do café nas fazendas de Minas. Nos próximos dois anos, produtores vinculados ao projeto receberão informação e apoio técnico para fortalecer suas práticas de agricultura regenerativa.

Na fase inicial da implementação do acordo de cooperação técnica, serão construídas áreas de trabalho em nove fazendas mineiras (escolhidas entre os cerca de mil produtores que fornecem café para a Nespresso), onde serão desenvolvidas práticas de controle biológico conservativo, sob orientação de Madelaine e sua equipe. “Essas áreas vão servir como unidades demonstrativas, onde vamos mostrar as plantas atrativas aos inimigos naturais e levar as tecnologias que já desenvolvemos, mas também serão espaços pra testar coisas hipóteses que a gente já esteja trabalhando em laboratório, mas utilizando uma escala maior. É uma mão dupla: espaço para difundir, mas também para construir conhecimento”, explica a orientadora. 

Na etapa seguinte, a partir de março, a equipe de pesquisadores vai oferecer aos trabalhadores rurais treinamento especializado, envolvendo reconhecimento de pragas, bioinsumos e técnicas de controle biológico em geral. “Nós percebemos que eles querem muito esse conhecimento, e o que eu procuro fazer é mostrar como a gente desenvolve as pesquisas, para que vejam que é um trabalho grande, que inclui muitas etapas e demora tempo para se construir. Ciência não é o “eu acho”; é preciso comprovar os resultados.” 

Visão completa
O trabalho junto aos produtores de café traz grandes oportunidades também para os estudantes envolvidos com a pesquisa de Madelaine. “Eles têm o recurso logístico, tudo custeado pelo projeto, mas o mais interessante é a oportunidade de conhecer a visão que os agricultores têm lá, no Cerrado. É uma prática bem diferente da daqui da região. Além dessa parte do contato com o agricultor, eles têm contato com a indústria, com a demanda do mercado, é uma visão completa”, avalia a orientadora. “Penso que o que encanta os alunos, e a mim também, é exatamente ver onde vai ser aplicado o conhecimento que construímos. Por isso esse projeto é tão interessante. Temos muita ciência básica envolvida, que eu adoro, mas o meu trabalho na Epamig é aplicado, e neste caso não é diferente.”