Opinião Orlando Silva – Agenda ESG

Orlando Monteiro da Silva*

A sigla ESG surgiu pela primeira vez em 2004, em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, criado pelo então secretário nas Nações Unidas, Kofi Annan. O Pacto Global foi uma iniciativa das Nações Unidas para que as empresas alinhassem suas estratégias de negócios com os Princípios Universais nas áreas de Direitos Humanos, Meio Ambiente, Trabalho, entre outras, perfazendo 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. O desafio lançado por Kofi Annan às empresas, foi de que elas deveriam olhar além do lucro, considerando, também, em suas operações, as questões ambientais, sociais e éticas. A ideia pegou e a adoção dos critérios ESG hoje é uma realidade, trazendo benefícios não só para as empresas, mas para toda a sociedade.                                                                                                        

A Agenda ESG enfoca três pilares fundamentais para a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa: Ambiental (Environmental), Social e de Governança, representados pelas iniciais E, S e G, respectivamente. No pilar Ambiental as empresas deveriam se preocupar com o impacto de suas atividades na sustentabilidade ambiental, incluindo o cuidado na gestão dos recursos naturais, na conservação da biodiversidade, na redução da emissão de resíduos e poluentes e, na eficiência energética, além dos efeitos que contribuam para as mudanças climáticas. O pilar Social foca no relacionamento das empresas com as pessoas e com sociedade. Aqui estão as relações com a comunidade onde atuam e os programas sociais que elas patrocinam, a observância dos direitos humanos, da segurança e da saúde de seus trabalhadores, da diversidade e inclusão. O pilar da Governança refere-se às práticas da boa gestão das empresas, que deveriam sempre atuar com ética e transparência, observando a qualidade das divulgações financeiras, com conselhos de administração independentes e que busquem garantir os interesses entre todos os envolvidos (stakeholders). 

A Agenda ESG tem ganhado destaque em todas as atividades e setores da economia, com as definições que a sustentam sendo as mesmas em qualquer país do mundo. Consumidores, investidores e acionistas das empresas estão cada vez mais atentos e exigentes às questões ambientais, sociais e de governança e as empresas precisam demonstrar seus compromissos com a sustentabilidade, sob pena de sofrerem severas restrições comerciais. Apesar de contestáveis, as “barreiras ESG” já são uma realidade no comércio internacional. Taxas sobre a emissão de carbono, restrições à compra de produtos oriundos de regiões de desmatamento, que tenham utilizado mão de obra infantil ou análoga à condição de escravidão, ou que, em sua produção, desrespeitem os direitos humanos, tendem a se tornar mais frequentes. Para evitá-las os exportadores devem agir com transparência e enfatizar ações que demonstrem sustentabilidade, tais como as certificações ambientais, a responsabilidade social, o gerenciamento das emissões de carbono e mostrar que as empresas parceiras também compartilham dos mesmos valores. 

É a preferência e o comportamento dos consumidores que direciona as empresas para a adoção da agenda ESG. O que se deve ter em mente é que o cumprimento dessa agenda vai adicionar um custo extra em todo o processo.

* Professor colaborador/voluntário da UFV. Mestrado em 1979 pela UFV e Doutorado em 1990 pela North Carolina State University. Atua em barreiras não alfandegárias e comércio internacional, demanda e interdependência de mercados, métodos quantitativos em economia e comércio internacional de commodities agrícolas.